Os religiosos americanos presos neste sábado (30) acusados de tráfico de crianças no Haiti disseram que estavam apenas "tentando fazer o que parecia justo".
O grupo de dez pessoas foi detido quando tentava cruzar a fronteira entre o Haiti e a República Dominicana em um ônibus com 33 crianças, sem qualquer tipo de documento.
Os americanos, integrantes de uma organização religiosa de caridade chamada New Life Children's Refuge (Refúgio para Crianças Nova Vida), com sede no Estado de Idaho, negam qualquer envolvimento com o tráfico de crianças.
Laura Silsby, uma das dirigentes do grupo, afirmou em entrevista ao jornal Idaho Press Tribune:
- Não temos nada a ver com isso (tráfico). É exatamente contra isso que tentamos lutar.
Laura acrescentou que o grupo tentava salvar as crianças da "situação caótica" no Haiti:
- Tendo em vista a situação caótica em que está o governo (haitiano) neste momento, queríamos fazer simplesmente o que nos parecia justo. Viemos ao Haiti para ajudar quem não tem nenhum recurso. Estamos seguros de que a verdade aparecerá e rezamos por isso.
Carla Thompson, outra integrante da organização, disse que os americanos detidos não estão preocupados:
- Estamos muito bem. Temos nossas bíblias conosco.
As declarações de boas intenções dos americanos, no entanto, não convenceram o ministro para Assuntos Sociais e Trabalho do Haiti, Yves Christallin, que foi categórico:
- Isso é um roubo, não uma adoção.
Patricia Vargas, diretora do centro de acolhida de menores perto de Porto Príncipe, disse que muitas das crianças levadas pelo grupo têm família:
-[As crianças] dizem que seus pais estão vivos, muitas chegaram a dar um endereço e número de telefone.
Os menores, com idades entre 12 e 14 anos, não carregavam qualquer tipo de documento.
O primeiro-ministro do Haiti, Max Bellerive, afirmou estar "ultrajado" com a suposta tentativa de sequestro.
Nesta segunda-feira (1º), o grupo de americanos será apresentado diante de uma comissão de Justiça no Haiti, que decidirá se eles serão julgados pelo crime de tráfico.
Terremoto deixou milhares de órfãos
O terremoto de sete graus na escala Richter que atingiu o Haiti no último dia 12 deixou pelo menos 170 mil mortos e mais de 200 mil feridos. Milhares de órfãos também vagam pelas ruas de Porto Príncipe, capital do país.
Desde a tragédia, diversas crianças foram adotadas por famílias de países como Estados Unidos, França e Argentina.
As autoridades americanas pediram aos futuros pais adotivos de crianças haitianas que tenham paciência e disseram que procedimentos transparentes de adoção são necessários para evitar erros e tráfico de crianças.
Fonte:R7
Por Elias Ferreira
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